20101030

Fuck off, mate

Once upon a time, it was dark and cold
A mouse entered the world.
Your pretty moustache, and your tiny little head,
Turns our faces red.
We are all terrified
Because John, the mouse,
Glorified our house.
We knew that our lives would change forever,
But we stay all together.
John is quick, John is a machine.
He's the fastest creature we have ever seen.
Is he green? Maybe yellow.
He is, however, our little fellow.
Fuck off, mate.


Luísa Santos ft. Maria Ana Santos


... a propósito de um rato que habita clandestinamente a nossa cozinha.

20101027

Paris, ou coisa que o valha

By the way: acabei de pousar o meu lindo/incrível/espectacular/magnificiente/pomposo/inacreditável livro de História A. Expresso, desde já, o meu profundo descontentamento para com ele. É um estúpido, um malvado. Sacaninha, se é que me entendem...



O indivíduo fotografado deixou-me literalmente de boca aberta, e a repetir demasiadas vezes "meu Deus, que Rei!". Pouco sei sobre ele. Nada mesmo, a não ser que é de nacionalidade francesa e que pega numa bola de futebol como pouca gente - ou até mesmo nenhuma - sabe pegar. Os meus pais voltaram de Paris neste fim-de-semana passado e apenas me mostraram o vídeo que filmaram deste pseudo-jogador. "Show dji bola".


20101023

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,



Atento ao que eu sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.



Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu"?
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Para não citar Bernardo Soares, ou para não cair na tentação de publicar a "Tabacaria" e de me voltar a apaixonar por ela. Tantas vezes a desprezei e mais foram aquelas em que nela não me reconheci. Comentei com a Matilde que este poema era mesmo bonito, e ela concordou comigo, ou eu com ela. "Este homem era um génio", e as aulas de Português são incríveis.


P.S.: Parabéns à Maria Ana, à Sara, ao Flávio e ao Chico, que hoje receberam uma Menção de Mérito e estavam muito catitas!

20101021

Indiferença

"Where you live should no longer determine whether you live."
Bono

A indiferença é um grande valor universal. Vai de encontro com a ignorância e o preconceito. É crua, fria e despida de igualdade. Por entre "direitos como produtos culturais" e concepções naturalistas/contratualistas da sociedade, permiti a entrada de bom-senso na minha cabeça - mais vale tarde do que nunca - e resolvi debater-me. Explicar-me a mim própria de maneira a não restar qualquer dúvida existencial e permanente. Por eu ser quem sou, e viver onde vivo, ou até por comer como como, dei por garantida a minha existência infundada - e ainda dou. Dou por garantida muita coisa e há os que não sabem sequer o significado de tamanho vocábulo. O que é o dia? O que é a cidade? O que é o dinheiro? Será ele assim tão preciso e determinante na sociedade? Nunca tanto o foi, na realidade. Mas ele não alimenta o suficiente, não paga o desepero e cobra entrada à felicidade. Na verdade, o dinheiro é muito pobre, e indiferente. Podia unir ossos, mas nem isso une.

20101017

Brilliant Disguise


Passaram uns quantos dias. Poucos. Sim, talvez tenham sido poucos, mas os suficientes. Num deles, a minha mãe perguntou-me se já me tinha decidido. "Jornalismo ou Direito?". Ainda não lhe sei responder. "É mais artes, não é?". As palavras não foram estas, mas a intenção está aí, algures. É como se não chegasse à corda que tenho que agarrar, ou como se ela, já comigo, não se conseguisse prender com a força necessária. Já não sabem como fazer nós, não sabem. Acho que preciso de desabafar comigo e atirar ideias para o ar, para ter a certeza de que fiz a escolha certa. Não ia para artes porque, quando desenho um cavalo, sai uma casa. E é sem querer. Por isso, sim. Fiz a escolha certa. E daí não.

20101012

Parabéns, atrasados, e de voz doente

   Senti necessidade de aqui voltar. Eliminei tudo: as mensagens editadas, os rascunhos, as frases soltas. Vou recomeçar. Hei-de recomeçar muitas vezes, tenho a certeza. Escrever e fingir que escrevo, ou que sei sequer como isso se faz. 
   Hoje foi um dia bonito. Por vezes, dou por mim a achar vários dias bonitos, e gasto-lhes o encanto e o significado, mas tenho de dizê-lo. Foi um dia bonito, uma continuação de um ontem, e de um anteontem. E dos "ontem" que pretenderem esperar na fila que se acumula.