20120510

sabem a queima das fitas? tem destes problemas sérios que não me saem da cabeça. és triste...

20120417

às vezes a vontade que tenho é ter vontade nenhuma, e voltar atrás dois mil anos. sem existir, sem respirar, sem sentir... mas depois repenso. eu e todos. no filosófico "porquê" - o último de todos, que tantas saudades tenho de ouvir.  vezes também há em que me pergunto porque me apresento de tantas formas, porque é que adopto tantas personagens ao longo do dia, porque é que nunca tenho vontade de escrever, porque é que as coisas não são como eu quero, porque é que é tudo tão difícil e porque é que ninguém vê aviões ou alcança as nuvens... e ninguém me responde, porque eu não me respondo, e facilmente me farto destes infindáveis "porquês". e já não escrevo mais. mas quando caio na inevitabilidade de o fazer, agradeço. por tudo o que me dão e vou guardando. por toda a saudade. e já assumo outra personagem... que nada ou muito tem a ver comigo, chegando à conclusão que sou mesmo eu, a escrever sobre coisa nenhuma (uma vez mais). um baralho de cartas com decididamente mais do que quatro naipes. e em todos eles, apesar das inúmeras diferenças, encontro algo em comum: um amor enorme que, no momento mortal mais simples de ser, nos arrebata com o mais forte batimento cardíaco. e penso nele na forma incondicional e cheia. incrivelmente cheia... gorda. que rebenta e se deixa rebentar mil vezes. morre, regenera e volta cheio num ciclo infinito. quando penso no amor, penso em caracóis e olhos verdes. e penso nele gordo, capaz de guardar tanta coisa... e dizer isto é tão pouco. mais uma vez, tão pouco. é encontrar uma definição que nunca alcançarei, tal como a saudade que nunca matarei por completo, que me impede de escrever no condicional. e tenho tanta saudade dentro de mim... ainda bem. saudade que não se esgota e me relembra contínuos segundos de atmosfera nas palavras da catá e da rita, que repetidamente me questionam se quero mesmo parar. ou na sinceridade e no abraço da sara. definitivamente, nos olhos do joão e no eterno disparate da marta. diariamente, nos gestos da rita e na brutalidade de ser da minha mãe e da minha avó. e no sorriso do meu primo... e de tantos outros. tanta saudade...


20120217

Por mais voltas que possamos dar, por mais vezes que tenhamos prometido ver o "tal" filme e ler o "tal" livro, nunca o fazemos. Adiamo-nos constantemente. Adiamo-nos em sentimentos e em tudo o que nos provoque o choro. O que nos inunda, jamais será a crença de que iremos, definitivamente ler o "tal" livro, mas sim a saudade que insistimos em esconder, num fim sem fim algum. Tudo isto para te dizer que tenho saudades do Caminho. Hei-do-to repetir mil e uma vezes elevadas a outras tais mil que a mim já me confundem por não perceber de matemática. Por vezes, a vida dá voltas que nunca hei-de compreender ou saber explicar. Já não posso tomar nada por garantido. Nem tu podes, mas eu sei que já te apercebeste disso. Mas tenho saudades de não saber o que é a rotina e de não repetir tantas vezes que "tenho saudades". Por mais vezes que ouça Sigur Rós e companhia, por mais que tente imaginar-vos tremendamente frágeis, continuo vazia, na ânsia de nunca entender o porque de a minha memória fotográfica me falhar nesta altura. Mas nem te pergunto... Tu sabes o porquê. Porque a dor e o reflexo do ser humano, do ser realmente humano, é lá deixado, entre o Cebrero e Santiago. Tanto está no pó que se alevanta na sua constante de alevantamento, tanto nos abraços que nos permitem o sono. Tenho saudades porque só aí caminho. Porque só aí me perco em mim sem ter a noção disso, sem mesmo saber que forma física tal acto se reveste. Porque é só aí que faz sentido queixar-me por tudo e por nada e, no final, aperceber-me de que é mais uma futilidade minha e que há tanto, mas tanto, pior. Porque só aí me abstenho do mundo. Só aí sei o que é ser... Poder perder-me na eternidade do dia que nunca acaba, ou que tão rapidamente dá lugar a outro. É graças ao Caminho que conheço músculos que nunca antes julguei existirem, e isso, tu sabes... Isso é o menos. O que trazemos é grande. É demasiado, por vezes. Deixa-nos na incerteza. E é essa incerteza que nos faz voltar, porque há sempre alguém com quem ainda não caminhamos, e há sempre uma estapa a redescobrir. E isto... Isto são palavras. É tão pouco. A essência está em partilhar joelheiras. Isto parece pouco, mas é muito. Isto que é enorme. É isto que nos transcende...

20111208

já são 18, e não deixam de ser estranhos. sinto-os apagados em mim. se fossem 20 ou 30, mais apagados estariam. não é pelo número que vamos, nem pelo tempo que eles duram ou ditam. não é pela agonia que nos relembram, nem pela alegria que nos trazem. são as pessoas que realmente importam. somos nós que estamos uns para os outros, umas vezes mais e outras vezes menos. quando menos estamos, mais queremos estar, e menos fazemos para desviar o caminho do "inevitável". somos nós que somos pessoas, que não nos limitamos a ser gente. somos nós que queremos ler mais e mais cultos ficar; e somos nós que permanecemos os maiores imbecis terrestres. é de nós que sai o bom e o mau que marcará o "inevitável" caminho de uma outra qualquer pessoa. somos nós, enquanto pessoas, que aquecemos o momento, que ganhamos asas e que elevamos o espaço. nós é que temos o dom. nós é que escrevemos o paraíso e somos nós os autores do inferno. se não estamos, mais ninguém está. é urgente salvarmo-nos no pó da terra, no soprar das velas. temos de permanecer perante a maior tempestade, sem esperar que, a seguinte, seja menor (que nunca o é). e ainda hão-de cair tantos outros atrás de mim... e o que eu preciso é de pernas. de braços e boca para os segurar. porque, amanhã, são eles que me seguram a mim. se necessário, atiram-me, mas acabo sempre caída nos braços de alguém. a queda é amortecida, mas a dor está lá. o falhanço. a desonestidade e a vergonha continuam a atormentar-me. mas, amanhã, já é tudo novo. tudo será novamente desfolhado. algumas coisas prometo: sentirei o cheiro do novo dia cada vez mais profundamente; vou continuar a querer ler mais; vou querer amar fernando pessoa como da primeira vez. prometo que vou querer voltar ao colégio a cada ano que se demora. prometo sentir saudades e lembrar-me de vocês a cada passo do caminho. a nostalgia estará sempre cá, mas prometo-vos que vou estar tanto para vocês como vocês estiveram para mim. como morango para chocolate.




aquele abraço, para todos