20101214

Chora agora por não teres chorado ontem. Deixa o batom escorregar para a ponta do nariz. Deixa de ser psicologicamente física. Não finjas ser quem não és, mas desta a vez empenha-te. Sê fiel a ti própria. Não finjas ser quem não és. Pára com os pontos finais metafóricos e faz-de-conta que entendes o que dizes e pensas. Arma-te em culta e ouve a música que ninguém ouve. Diz que a escreveram para ti. Hoje finge não ter nada. Não se passa nada. Tu és um grande nada. Mas, amanhã, recolhe-te. Fecha-te nos buracos de luz e não espreites para fora. Usa vírgulas. Já te disse para parares com os pontos finais. O único ponto final é a morte, ou não. É uma vírgula, mais longa, mas uma vírgula. Lê isto em verso e leva as mãos ao peito. Do lado esquerdo. Desvia-as para o lado esquerdo. Carrega até que te doa. Tem que doer! Não dói? Coração pequeno. Malditas interrogações! Um quarto. Escuro. Um quarto escuro. Deita-te e permite o silêncio ecoar. Leva leite e chocolate. Ou leva leite com chocolate. Escreve frases bonitas. Encontra frases ainda mais bonitas que não te pertençam, e diz que as escreveste. Diz que são tuas. Na tua cabeça, tudo é teu e o mundo é quadrado, porque tu não andas sempre às voltas! E a vida é um foda-se. Vira-a. Do ar para as pernas.


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