20120417

às vezes a vontade que tenho é ter vontade nenhuma, e voltar atrás dois mil anos. sem existir, sem respirar, sem sentir... mas depois repenso. eu e todos. no filosófico "porquê" - o último de todos, que tantas saudades tenho de ouvir.  vezes também há em que me pergunto porque me apresento de tantas formas, porque é que adopto tantas personagens ao longo do dia, porque é que nunca tenho vontade de escrever, porque é que as coisas não são como eu quero, porque é que é tudo tão difícil e porque é que ninguém vê aviões ou alcança as nuvens... e ninguém me responde, porque eu não me respondo, e facilmente me farto destes infindáveis "porquês". e já não escrevo mais. mas quando caio na inevitabilidade de o fazer, agradeço. por tudo o que me dão e vou guardando. por toda a saudade. e já assumo outra personagem... que nada ou muito tem a ver comigo, chegando à conclusão que sou mesmo eu, a escrever sobre coisa nenhuma (uma vez mais). um baralho de cartas com decididamente mais do que quatro naipes. e em todos eles, apesar das inúmeras diferenças, encontro algo em comum: um amor enorme que, no momento mortal mais simples de ser, nos arrebata com o mais forte batimento cardíaco. e penso nele na forma incondicional e cheia. incrivelmente cheia... gorda. que rebenta e se deixa rebentar mil vezes. morre, regenera e volta cheio num ciclo infinito. quando penso no amor, penso em caracóis e olhos verdes. e penso nele gordo, capaz de guardar tanta coisa... e dizer isto é tão pouco. mais uma vez, tão pouco. é encontrar uma definição que nunca alcançarei, tal como a saudade que nunca matarei por completo, que me impede de escrever no condicional. e tenho tanta saudade dentro de mim... ainda bem. saudade que não se esgota e me relembra contínuos segundos de atmosfera nas palavras da catá e da rita, que repetidamente me questionam se quero mesmo parar. ou na sinceridade e no abraço da sara. definitivamente, nos olhos do joão e no eterno disparate da marta. diariamente, nos gestos da rita e na brutalidade de ser da minha mãe e da minha avó. e no sorriso do meu primo... e de tantos outros. tanta saudade...


1 comentário:

  1. repetidamente irei perguntar-te se queres mesmo parar.. e repetidamente irei pensar em repas, calças largas e uma guitarra quando penso no amor.

    ResponderEliminar